sexta-feira, 30 de março de 2012

O TEXTO “BADALADAS DO TEMPO: UMA AVENTURA POR NOSSA CIDADE”, DE VALÉRIO ANTÔNIO, ALUNO DO 8º ANO DO COLÉGIO NEMÉSIO NEVES, FOI PREMIADO NESTA QUINTA FEIRA, NO PROJETO “EU CONHEÇO MEU MUNICÍPIO”, PROMOVIDO PELA BIBLIOTECA MUNICIPAL NAÍZA NEVES.

Ontem, 29 de Março de 2012, aconteceu a culminância do projeto “Eu conheço meu município”, promovido pela Biblioteca Municipal Naíza Neves.Trabalhando o gênero “    memórias”, alunos de escolas da rede municipal produziram textos sobre ruas de Tutóia;além dos textos, também álbuns e documentários, que foram julgados por professores também de Tutóia, sob a coordenação da Professora Lourdes Ramos.Na culminância também as escolas fizeram apresentações de música, dança e teatro, exaltando nossa terra.
O Colégio Nemésio Neves, contrariando as perspectivas de muitas pessoas, conseguiu duas premiações nos primeiros lugares: Pelo trabalho do álbum, confeccionado pelo Ensino Fundamental Menor e também através do texto”Badaladas do tempo:Uma aventura por nossa cidade”, produzido por nosso aluno Valério Antônio, do 8º ano.
Parabéns, Valério!Você merece!Parabéns, professora Lourdes, pelo projeto!

BADALADAS DO TEMPO: UMA AVENTURA POR NOSSA CIDADE

Eu estava andando pelas ruas de Tutóia, quando entrei em uma delas e, muito cansado, sentei-me na calçada em frente à Casa Lotérica para relaxar.Ao levantar a  cabeça, deparei-me com uma figura ilustre de Tutóia, o conhecido morador, Sr.Antônio José  Neves, neto do fundador de minha cidade, o coronel Paulino Gomes Neves.
Sr. Antônio José Neves olhou fixamente em meus olhos e me fez uma pergunta que me deixou sem saber o que falar.Ele assim me perguntou:
- Amigo, você sabe o nome desta rua¿
 - Sim! É a rua Celso Fonseca – Antes que eu terminasse de responder direito, ele me fez rapidamente outra pergunta:
- Mas você sabe quem é Celso Fonseca¿
Nem deu tempo de responder.Sr. Antônio José saiu e me deixou ”a ver navios”;fiquei pensando sobre aquele questionamento.
Naquele mesmo dia fui até meu amigo Francisco Fernandes para saber se ele sabia quem era esse tal Celso Fonseca;ele também não sabia.Mas ficou muito curioso.Chamamos mais dois amigos, Mateus e  Antônio Renos, para irmos procurar Sr. Antônio José Neves.Estávamos muito curiosos e muito interessados , queríamos a qualquer custo saber sobre Celso Fonseca.
Antes de chegarmos à casa de Sr. Antônio José, avistamos A Biblioteca Municipal Naíza Neves Araújo.Ernandes, que também havia se juntado a nós, deu a idéia de entrarmos naquela biblioteca, talvez encontrássemos algumas informações sobre Celso Fonseca e sobre a rua que tem seu nome.
Encontramos o livro “conheça Tutóia”, de Bernarda Cantanhede, que trazia entre outros temas, nomes de algumas ruas de nossa cidade e foi assim que encontramos”Rua Celso Fonseca”.Antônio Renos começou a ler:
- Celso Gomes da Fonseca nasceu na cidade de Granja, no Ceará, no dia 28 de agosto de 1879 e faleceu em Tutóia no dia 27 de abril de 1959.Veio para Tutóia a pedido do Coronel Paulino Neves para trabalhar com ele em seu comércio e nas salinas.Casou-se com a tutoiense Aydê, filha do Sr. Chiquinho Almeida.
Interrompemos nosso colega.Demo-nos por satisfeitos.Porém, havia em mim um vazio e eu ansiava por mais conhecimento...
Havia um clima estranho no ar...Olhamos ao nosso redor e não havia mais ninguém além de nós naquela biblioteca.Tudo estava estranho demais...Um silêncio aborrecedor.
 - Pessoal, é melhor sairmos daqui – Disse eu temendo o silêncio.
Foi colocarmos os pés fora da biblioteca e uma intensa luz nos rodeou.Tudo estava mesmo estranho.A rua não era mais a mesma!
Em segundos, estávamos em um outro tempo, em um outro lugar.Pelas nossas roupas, estávamos na década de 30 e pelo formato do prédio, aquele lugar era a Prefeitura de nossa cidade, naquela época.Era incrível!Não estávamos acreditando!Resolvemos nos deixar levar pela fantasia e nos dirigimos á porta de entrada da Prefeitura.Nesse instante saiu de lá um senhor, alto, de barba, de olhos claros e alva pele.
- Quem é o Senhor¿Perguntei, aflito.
- Sou Celso Fonseca,prefeito deste lugar.E os senhores, quem são¿
Aproximamo-nos dele, sem resposta.Como íamos explicar¿
E ele continuou:
- Parecem novos na cidade.Nunca os vi por aqui.Querem conhecer melhor Tutóia¿
Como não tínhamos mesmo o que dizer, resolvemos deixar como estava.Éramos turistas.Rimos um para o outro.Entramos com o ilustríssimo prefeito na prefeitura.Havia em seu gabinete um retrato e ele foi logo nos explicando:
- Este é meu filho, João Fonseca , ao lado de minha esposa Aydê, que não é a mãe dele.Vim para cá viúvo, junto com João e aqui a conheci.Fui nomeado Prefeito de Tutóia pelo governador e acabo de chegar de Portugal.Fui de navio até a capital para devolver ao governador Sebastião Archer alguns trocados que sobraram da verba pública que ele me concedeu para o término da construção desta prefeitura.
Ah!Também construímos a cadeia, o cemitério e estamos com o projeto para um cais portuário na cidade.
Aplaudimos o prefeito.
Mateus pediu para que fôssemos ver a cidade.As ruas de areia, a maré alcançava até onde hoje é nossa praça Getúlio Vargas.Podia-se andar de canoa onde hoje é nossa principal avenida!Incrível!
E ele continuava a contar coisas daquele tempo:
- Sabe, senhores, vivemos em tempos difíceis, nosso presidente estabeleceu uma tal ditadura...Fica difícil...Fundos de participação bloqueados...Para termos algum dinheiro, precisamos cobrar alguns impostos sobre a população...Muito difícil, vocês sabem como é...
- Sabemos, sabemos... – Respondi.Mas não sabia nadinha daquilo.Entrei no clima.
 Subtamente, apressou-se:
- São que horas, meus caros¿
Ninguém sabia.Estávamos chegando à prefeitura.Imagino que passava de meio dia.Estávamos todos com muita fome;e o sol, escaldante.
Alguém que passava informou que Já era 13:30h.
- Estou atrasado!Vamos até a igreja, rapidamente!Disse ele.Todos os dias preciso mandar tocar o sino da igreja ao meio-dia.É o aviso para os comércios fecharem suas portas.Ouviram¿Era para lá que eu estava indo, quando os encontrei na porta da prefeitura!Depois do toque do meio dia, ás 13h mando tocar novamente para os comércios reabrirem!
As badaladas começaram .As ondas sonoras pareciam cada vez mais altas e tudo começou a girar, como em um redemoinho...Em um impulso fomos jogados de volta para a frente da biblioteca pública de nossa cidade.Tudo estava normal.Meio tontos e sem entender o que havia acontecido,entramos.O livro em cima da mesa.As bibliotecárias em seus postos, tudo igual a antes.Ernandes pegou o livro, queríamos saber mais coisas.Fomos trazidos de volta, antes de querermos voltar.
Descobrimos ainda no livro que Celso Fonseca governou Tutóia por mais 15 anos e foi o primeiro morador da rua que hoje tem seu nome:Rua Celso Fonseca.Nome atribuído justamente por ele ter sido tão importante em nossa história, bem como havia nos informado o nosso entrevistado, o Sr. Antônio José Neves, de 87 anos.
Não sei de fato como tudo aconteceu.Porém, passei a compreender e a valorizar bem mais a história de minha cidade;conhecer um pouco de seu passado fez com que firmássemos bem mais nossa identidade.Sem conhecer o que fomos perdemos o sentido de ser , perdemos nossa cultura , nossa identidade, nossa história...Somos tutoienses porque somos um pouco de cada grão de suas areias, um traço de cada linha de sua história.

(Valério Antônio, 8º ano - Colégio Nemésio Neves) 


quarta-feira, 14 de março de 2012

NOSSA CONSTANTE LUTA

PENSO NA ARTE DE “PROFESSORAR”,”DE PROFESSAR”,NA ARTE DE “SER OU ESTAR PROFESSOR” E PENSO AINDA NOS ALUNOS E NA FALTA DE MERENDA E NA FALTA DE RECURSOS E NA FALTA DE VERGONHA.

POR QUE QUE PENSAR NA MINHA PROFISSÃO ME TRAZ À MENTE TODOS ESSES OUTROS PENSAMENTOS EM CADEIA?POR QUE PENSAR NO ATO DE EDUCAR ME TRAZ ESSA INCONSCIENTE NOSTALGIA?

TALVEZ PORQUE ME LEMBRE TÃO BEM DOS MEUS PROFESSORES E DE COMO OS ADMIRAVA E OS RESPEITAVA;LEMBRE DE O QUANTO ERA BOM ESTAR PERTO DELES E O QUANTO TEMIA MAGOÁ-LOS...OU AINDA PORQUE ME RECORDE DAS LEITURAS APENAS COM O OLHAR E AINDA DE QUANDO ESPERAVA ANSIOSA PELO  DIA SEGUINTE,PARA LEVAR OS DEVERES PRONTOS E RECEBER ELOGIOS  E NO OUTRO DIA TENTAR APERFEIÇOÁ-LOS...

MEUS PROFESSORES ERAM UM FAROL, UM RUMO, UM EXEMPLO A SEGUIR E PAPAI E MAMÃE SEMPRE ME FIZERAM CRER NISSO.NÃO QUE NÓS PROFESSORES DEIXAMOS DE SER RUMO,FAROL, LUZ, GUIA...JAMAIS!O PROBLEMA É QUE NÃO  SOMOS NOTADOS ASSIM...QUE PENA...NOSSOS ALUNOS NOS ENXERGAM APENAS COMO ALGUÉM QUE GANHA DINHEIRO PARA TENTAR ENSINÁ-LOS ALGO QUE ESTÃO TÃO LONGE DE APRENDER...E NÓS, DESGASTADOS PELA DESPREZO DELES, ACABAMOS POR NOS ALIAR AO MEMSO CONCEITO:”VOU DAR AULAS PRA PAGAR AS CONTAS”.NÃO TEMOS COMO PENSAR DIFERENTE.NÃO TEMOS AS ESCOLAS QUE MERECEMOS, NÃO TEMOS OS  ALUNOS QUE MERECEMOS, NÃO TEMOS NEM O SALÁRIO QUE MERECEMOS!QUE DROGA!(DESCULPEM A EXPRESSÃO).QUE INVEJA DA FINLÃNDIA!

AMO  A ARTE DE EDUCAR!AMO ELABORAR AULAS CUIDADOSAMENTE, AMO PENSAR EM CADA ALUNO E NA NECESSIDADE DE CADA UM E AO MESMO TEMPO ME ENTRISTEÇO PORQUE MINHA CONSCIÊNCIA ME DIZ QUE QUANDO EU CHEGAR NA SALA DE AULA , O  LUGAR QUE MAIS DESEJO VER MEU TRABALHO RECONHECIDO,SEREI DESRESPEITADA,AGREDIDA,TEREI TODAS AS MINHAS EXPECTATIVAS FRUSTRADAS!

MESMO ASSIM NÃO DETESTO MEUS ALUNOS.MUITOS TEM  VIDAS SOFRIDAS.VÃO À ESCOLA PARA SE LIVRAR DE UM PAI ALCÓLATRA E AGRESSIVO,OU AINDA DE TRABALHOS PESADOS,OU AINDA APENAS PARA VENTURAR UMA REFEIÇÃOPOR DIA...E OLHA QUE A MERENDA NAS ESCOLAS ESTÁ QUASE EM EXTINÇÃO!SEI QUE SE TIVESSEM VIDAS DIFERENTES PODERIAM SER ALUNOS DIFERENTES.POR TUDO ISSO,AINDA SOU PROFESSORA...PORÉM, CONFESSO QUE ESCOLHERIA HOJE OUTRO CAMINHO...SINTO-ME COMO NUM BARCO NO MEIO DE UM OCEANO:NÃO VEJO FIM, TUDO É IGUAL...TENHO DESEJOS,SONHOS DE CHEGAR A UM PORTO SEGURO, MAS QUANTO MAIS BUSCO UM CAMINHO, MAIS DISTANTE ME VEJO.ESTÁ EM  MIM O ERRO?TAMBÉM NÃO SEI...PORQUE ATÉ POSSO TENTAR EXIGIR DELES, COLOCÁ-LOS NOS EIXOS, ESTABELECER REGRAS, OBRIGÁ-LOS A ADQUIRIR NOVOS HÁBITOS, INSTITUIR REGRAS DE ETIQUETA,MAS CREIO QUE SERIA NADAR CONTRA A CORRENTEZA DO MUNDO.

PROFESSORES, QUE NÓS POSSAMOS AO MENOS LUTAR POR NOSSOS DIREITOS COMO PROFISSIONAIS, REFERENTES A SALÁRIOS, GRATIFICAÇÕES, PISO E ETC., JÁ QUE ESTÁ TÃO DISTANTE O SONHO DE SERMOS RECONHECIDOS EM NOSSAS SALAS, EM NOSSAS ESCOLAS PÚBLICAS...JÁ QUE ESTÃO DISTANTES OS LABORATÓRIOS, SALAS INFORMATIZADAS, O MÍNIMO DE RECURSOS POSSÍVEIS,COMO QUADROS BRANCOS E PINCÉIS(QUE NÃO PREJUDICAM TANTO QUANTO O VELHO GIZ...NÃO AGUENTO MAIS!) E ALUNOS MAIS EDUCADOS, MAIS MOLDADOS,MAIS DÓCEIS,MAIS ESCLARECIDOS...

NOSSA PROFISSÃO É LINDA,POR ISSO DEVEMOS  LUTAR PELO MÍNIMO QUE DEVEM NOS OFERECER.NÃO QUEREMOS NADA TÃO CARO, GOVERNANTES,É APENAS O JUSTO POR CADA PALAVRA QUE PRONUNCIAMOS,POR CADA LÁGRIMA QUE DERRAMAMOS,POR CADA MOMENTO DE ANGÚSTIA EM SALA DE AULA,PELA ALTA CARGA HORÁRIA  E POR CONTA DE EXIGÊNCIAS E MAIS EXIGÊNCIAS MAL FUNDAMENTADAS,IMPENSADAS, COM O INTUITO APENAS DE NOS ATINGIR,DE NOS MASSACRAR E NOS HUMILHAR.

APESAR DE TUDO, VAMOS CONTINUAR LUTANDO.”AMANHÃ HÁ DE SER OUTRO DIA.”