quinta-feira, 6 de setembro de 2012


(Anacreonte Ôba Õba - Idealizando Ilustrações de capa.By: Tiago José Carvalho)



CAPÍTULO VI



O  RIO



É isso aí, é isso aí
Já tá tudo dando certo
Descemos a duna de areia
O diabo tava bem perto.
Com a mão no meu ombro  dizia:
Como meu irmãozinho é esperto!

Olhei pra ele assustado:
E os concretinhos, cadê?
Nós deixamos lá seu diabo!

Ia voltando pra pegar
Quando ele me puxou pelo braço
Te acalma, meu irmãozinho
Deixa de embaraço!
Estão aqui no amuleto
é só mágica tu te lembra?
Hipnose, daquele jeito
Pra fazer teus grande feito!
Vamo lá, anda ligeiro
Que o povo ainda te espera
A criancinha na rua
A velhinha na janela
Todo mundo ansioso
Seja muito astucioso
Nesta etapa que te espera

Eu não podia esperar
Era o meu grande trunfo
Peguei o amuleto na mão
E a rezinha vinha junto
Em um passe de magia
Bem da noite para o dia
Transformei toda a cidade
Todas ruas de areia
Agora tavam calçada
e o a gente abestada 
era só felicidade!

O melhor de Tudo isso
é que tudo era mentira
E o povo acreditando
E eu, cansado, só as tira
passei todos esses dias
trabalhando igual jumento
pra esse diabo, meu irmão
que tomou todo o meu tempo

Eu queria era  dinheiro
Até ali num via nada
Só obedecendo o diabo
Pra mim mermo nada sobrava.
Ele ia gastando o dinheiro 
Que ele mermo me trazia;
bebia cachaça, fumava cigarro
Dançava, namorava e ria.
E eu? Cadê minha parte?
Perguntei ao  desgraçado.
Ele jogou uma maleta
Bem levinha, ah disgramado!
Quando abri aquela mala
Tinha uma vara de pescar.
Pra que diabo eu quero isso?
Tu  quer é me fazer trabalhar?
Pescador um dia eu fui
E jamais voltarei a ser!
Pega tua vara de volta
E pode me esquecer!
Eu já tinha até decidido 
de tudo mermo desistir
E o diabo, desgraçado
Começou foi a sorrir.
É melhor tu ir pescar
Se eu fosse tu ai, mas eu ia
E o diabo me empurrava 
lá pruns matos e sorria...

Andamos mais sete léguas 
e demos de cara com uma ponte
Apreciei a paisagem
Olhei aquele horizonte
E quando olhei para baixo
Pra baixo daquela ponte
Não sabem o que aconteceu
Vão adorar que lhes conte!
Um imenso rio surgiu
Mas num era rio verdadeiro!
No lugar de muita água
Tinha só o puro dinheiro!
Pulei alto de alegria
Nunca vi tanto real!
Eu num rio de dinheiro 
e o povão no lamaçal!

E o diabo, rindo, disse:
Só pega se for com a vara!
Vais ser pescador de novo
Será que essa tu encara?
Sempre que precisar 
e estiver muito estressado
Bota teu chapéu de palha 
E a vara de pesca do lado
E te manda aqui pra minha casa
(Esse aqui é meu quintal)
Vem buscar um realzinho
Não é uma ideia genial?
Foi magia do amuleto
Eu que peguei emprestado
Mas não se aborreça, irmãozinho
Não fique muito chateado
Já tá aqui , já lhe devolvo
O amuleto encantado!

Chateado? Nunca, jamé!
Eu tô muito é abismado
nem sei como agradecer
Meu irmãozinho desgraçado!

Pesquei tanto que cansei
Enchi a mala , me mandei
Tinha que relaxar
pensar na nova sacada!
o diabo ficou em casa
De longe só me acenava!









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