CAPÍTULO IX
E, sem amuleto...
...O diabo dá um jeito!
Eu, aqui no quarto
escuro ,
Inda lembro muito bem:
Aqueles dias que
antecederam
Foram de aflição
também.
Já bem perto do grande
dia
Eu andava desnorteado,
Perambulava pelas
ruas,
Andando pra todo lado...
Ninguém me
cumprimentava,
Ninguém mais me
aplaudia...
O amuleto eu não encontrava
Eu sem saber o que
fazia...
O povo, passado o
efeito
Da hipnose, do
encantamento,
Me olhava desconfiado
Era um grande
tormento...
e o cão, amigo da
onça,
só caía em mim de
jumento!
Lembro ainda que eu
sozinho
Nadando no rio de
grana
Ficava a imaginar
Como seria bacana
Ficar de novo no poder
Eita, como eu era
sacana!
Vou contar a vocês
todos,
Em contagem
regressiva,
O que aconteceu, dia
após dia
E toda minha
perspectiva.
Vou contar como se deu
A semana antecedente
Ao dia do grande duelo...
Foi uma semana bem
quente!
Eu andava pela praça,
Desconfiado e sem
jeito,
Não tinha mais nenhuma
idéia
Nem uma mágica, nem
grandes feitos
E , nutrindo grande
esperança,
Murmurava desse jeito:
Ôba,ôba, tá chegando
O grande dia, a grande
hora,
O duelo dos gigantes
Quem será que fica de fora?
Que nervoso, que
agonia
Aparece, irmão cão!
Precisamos de grandes
idéias
Sozinho faço nada
não!!!!!
“TÔ aqui, seu bicho
burro!
Vim de novo te ajudar;
Mas vou logo
adiantando
Corre o risco de
babar!”
Babar o que, seu cão
maldito?
Não entendi o
palavreado!
Tô preocupado com o
duelo
E não com o que tá babado!
“babar é afundar o
barco
Se acabar tudo, perder
o rumo...
E te digo logo também:
Se tu não ganhar , eu
sumo!”
Ah, vai me abandonar
Se acaso eu não
ganhar?
E eu,o que farei
Se acaso vacilar?
Como farei com o rio,
Com a grana e tudo
mais?
Como cuidarei de tudo
Se tu não tiver
comigo, rapaz?
Ele deu uma gargalhada
um minuto a gargalhar.
Mas tu é burro de verdade...
Inda não entendeu o que estou a
falar¿
Se acaso não vencer,
Nada disso teu será!
Perderás a grana querido...
E, perdendo tudo isso,
Perderás também o amigo...
Pensei que éramos
amigos
De amizade verdadeira...
Mas agora vejo que
tudo
Não passa de
baboseira...
Gargalhou o desgraçado
E disse com voz bem
rasgada:
Não sou amigo de ninguém...
Eu sou é o diabo, camarada!
Não gosto de nhem nhem nhem,
Gosto mesmo é da lambança!
Se tu não ganhar o duelo,
Sinto muito, mas tu dança!
Dança...Dança de verdade!
Por isso, temos que pensar logo
Na próxima grande maldade...
Uma magia , uma macumba
Um diabo a quatro
Ou um quatro a diabo!
Vamos nos concentrar,
Lá naquele quartinho
Teremos grandes ideias
Pra enganar esse povinho...
Lembro que era já
noite,
A lua alta brilhava...
Fomos à casa do diabo,
O pensamento voava...
Não aguentava mais
pensar,
Chega doía a cachola;
Eu chamava o tal do
cão,
Ele do meu lado, não
dava bola...
Ficamos em silêncio
profundo
Por quase uma meia
hora...
Ele disse:Pronto ,
achei!!!
Achei a tal solução:
Vamo armar uma cena
Sou o rei da atuação!
Vamo logo ensaiar,
Começando por você:
Fingirás um grande sequestro
e o sequestrado será
você!
Mas, eu?Por que serei
eu?
Acaso quer me matar?
Não, seu jegue, é uma
mentirinha
Pro povo se
emocionar...
Preste muita atenção:
Serás a vítima da
encenação...
Uns homens te levarão
Pra um lugar bem
distante,
Te jogarão dentro do
rio,
Com as perna amarrada
na ponte;
Tu gritará, berrará,
desesperado
Mas capricha de
verdade
Pra que o povo fique
emocionado...
Depois de horas
sofrendo,
E o povo,surpreendido,
Ouvirá teu depoimento
E tu acusarás o
inimigo...
Dirás que foi o estrelão
Que fez aquilo contigo!
E o povinho tão
burrinho,
Abanando o rabinho,
Voltará arrependido...
E todos de adorarão!
E todos aplaudirão!
Irão crer de verdade
Na maldade do
Estrelão!!!
E aí,Anacreonte?
Gostou da ideia ou não?
Claro que sim, é isso
mesmo!
Vamo logo agilizar!
Eita que o gigantão
Não perde por esperar!
E saímos atrás dos
atores
Da nossa grande
armadilha
Eita, que o grande
duelo
Será uma maravilha!
Ôba, ôba, que legal
Que idéia genial!
Que idéia genial!
Nenhum comentário:
Postar um comentário