sábado, 29 de setembro de 2012



CAPÍTULO IX

E, sem amuleto...
...O diabo dá um jeito!


Eu, aqui no quarto escuro ,
Inda lembro muito bem:
Aqueles dias que antecederam
Foram de aflição também.

Já bem perto do grande dia
Eu andava desnorteado,
Perambulava pelas ruas,
Andando pra todo lado...

Ninguém me cumprimentava,
Ninguém mais me aplaudia...
O amuleto  eu não encontrava
Eu sem saber o que fazia...

O povo, passado o efeito
Da hipnose, do encantamento,
Me olhava desconfiado
Era um grande tormento...
e o cão, amigo da onça,
só caía em mim de jumento!

Lembro ainda que eu sozinho
Nadando no rio de grana
Ficava a imaginar
Como seria bacana
Ficar de novo no poder
Eita, como eu era sacana!

Vou contar a vocês todos,
Em contagem regressiva,
O que aconteceu, dia após dia
E toda minha perspectiva.
Vou contar como se deu
A semana antecedente
Ao dia do grande duelo...
Foi uma semana bem quente!
Eu andava pela praça,
Desconfiado e sem jeito,
Não tinha mais nenhuma idéia
Nem uma mágica, nem grandes feitos
E , nutrindo grande esperança,
Murmurava desse jeito:

Ôba,ôba, tá chegando
O grande dia, a grande hora,
O duelo dos gigantes
Quem  será que fica de fora?

Que nervoso, que agonia
Aparece, irmão cão!
Precisamos de grandes idéias
Sozinho faço nada não!!!!!

“TÔ aqui, seu bicho burro!
Vim de novo te ajudar;
Mas vou logo adiantando
Corre o risco de babar!”

Babar o que, seu cão maldito?
Não entendi o palavreado!
Tô preocupado com o duelo
E não com o que tá babado!

“babar é afundar o barco
Se acabar tudo, perder o rumo...
E te digo logo também:
Se tu não ganhar , eu sumo!”

Ah, vai me abandonar
Se acaso eu não ganhar?
E eu,o que farei 
Se acaso vacilar?
Como farei com o rio,
Com a grana e tudo mais?
Como cuidarei de tudo
Se tu não tiver comigo, rapaz?

Ele deu uma gargalhada
um minuto a gargalhar.
Mas tu é burro de verdade...
Inda não entendeu o que estou a falar¿
Se acaso não vencer,
Nada disso teu será!
Perderás a grana querido...
E, perdendo tudo isso,
Perderás também o amigo...

Pensei que éramos amigos
De amizade verdadeira...
Mas agora vejo que tudo
Não passa de baboseira...

Gargalhou o desgraçado
E disse com voz bem rasgada:
Não sou amigo de ninguém...
Eu sou é o diabo, camarada!
Não gosto de nhem nhem nhem,
Gosto mesmo é da lambança!
Se tu não ganhar o duelo,
Sinto muito, mas tu dança!
Dança...Dança de verdade!
Por isso, temos que pensar logo
Na próxima grande maldade...
Uma magia , uma macumba
Um diabo a quatro
Ou um quatro a diabo!
Vamos nos concentrar,
Lá naquele quartinho
Teremos grandes ideias
Pra enganar esse povinho...

Lembro que era já noite,
A lua alta brilhava...
Fomos à casa do diabo,
O pensamento voava...
Não aguentava mais pensar,
Chega doía a cachola;
Eu chamava o tal do cão,
Ele do meu lado, não dava bola...
Ficamos em silêncio profundo
Por quase uma meia hora...

Ele disse:Pronto , achei!!!
Achei a tal solução:
Vamo armar uma cena
Sou  o rei da atuação!
Vamo logo ensaiar,
Começando por você:
Fingirás um  grande sequestro
e o sequestrado será você!

Mas, eu?Por que serei eu?
Acaso quer me matar?

Não, seu jegue, é uma mentirinha
Pro povo se emocionar...
Preste muita atenção:
Serás a vítima da encenação...
Uns homens te levarão
Pra um lugar bem distante,
Te jogarão dentro do rio,
Com as perna amarrada na ponte;
Tu gritará, berrará, desesperado
Mas capricha de verdade
Pra que o povo fique emocionado...
Depois de horas sofrendo,
E o povo,surpreendido,
Ouvirá teu depoimento
E tu acusarás o inimigo...
Dirás que foi o estrelão
Que fez aquilo contigo!
E o povinho tão burrinho,
Abanando o rabinho,
Voltará arrependido...

E todos de adorarão!
E todos aplaudirão!
Irão crer de verdade
Na maldade do Estrelão!!!
E  aí,Anacreonte?
Gostou da  ideia ou não?

Claro que sim, é isso mesmo!
Vamo logo agilizar!
Eita que o gigantão
Não perde por esperar!

E saímos atrás dos atores
Da nossa grande armadilha
Eita, que o grande duelo
Será uma maravilha!

Ôba, ôba, que legal
Que idéia genial!

 Ôba, ôba, que legal
Que idéia genial!





















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