segunda-feira, 1 de outubro de 2012







CAPÍTULO X

Hoje tem marmelada?


E encontramos os atores
Preparamos a encenação
O cenário todo pronto
Era a isca pro povão!

Me amarraram lá na ponte
E comecei a gritar !
Era de manhã cedinho,
O galo cantava baixinho
Bem longe daquele lugar...

Chamei tanto pelo diabo
E o encardido não chegava.
Ninguém ouvia meu gritos,
Ninguém mesmo me escutava.
Ia passando um menininho
pra tomar banho na fonte
chamei ele , implorei
pra ele vir até a ponte.
Ele se aproximou
E perguntou o que eu queria;
Eu lhe disse :Chame alguém, menino
Acabe com minha agonia...
“Mas nem sei quem é você;
O que faz aqui nesta ponte?
O que quer por aqui?
Você parece o Anacreonte!”

Mas eu sou é ele mesmo
Culumin burro, quadrado!
Será que não percebeu
Que eu tô é amarrado?
Foi um homem muito mal
Que me bateu e me amarrou;
Sabem quem foi que fez isso?
Foi estrelão que me maltratou!

“Mas estrelão? Aquele lá?
Ele é homem tão bonzinho...
Como pode fazer isso
Com o senhor? Ó, pobrezinho...
Deixa eu chamar minha mãe
Para lhe desamarrar


Cuidar de seus ferimentos
Inté a ambulança chegar...”

Lembro que o menino saiu
À procura de alguém
Eu fiquei lá amarrado
Procuraando uma ajuda também

Depois de uma hora então,
Vem o culumim com um facão na mão
Vem pra me desamarrar.
Passou o facão nas corda,
Me olhou com cara torta
E começou a gargalhar!
Acreditam que era o diabo¿
Rindo de mim, o safado
Disfarçado de menino
Só pra me sacanear.

“fui atrás de ambulança,
Mas tu só fez foi lambança
E esqueceu o principal.
Não tem como cuidar de ti,
Se tu não correr daqui
Vai ficar passando mal;
Te bati muito forte
Brinquei com a tua sorte
Não lembrei do principal.
Anacreonte, seu quadrado
Tu não lembraste , danado
Não investiu no hospital...
Lá só tem uma ambulança
E ta tão acabadinha
Que não dá pra acreditar
Mesmo assim, sem combustível...
Olha que coisa terrível!
Como tu vai te tratar?”

Que besteira tinha feito!
Agora não tinha jeito
Tinha mesmo que continuar.
Eu tava todo acabado,
Ferido, todo ralado,
Quebrado de tanto apanhar.
Era dramatização
Mas pra dar emoção, o diabo
 resolveu exagerar!

O povo lá do lugar
Não acreditava em mim;
Ai, ai, ai, como eu pude
Descer o nível tanto assim?
Saí da ponte gritando,
Berrando e esperneando:
“alguém pode me ajudar?
Meu povo, eu fui sequetrado
Olhem só o meu estado
Estrelão mandou me pegar!”
O povo nem confiança,
Eu perdi a esperança,
O plano não funcionou.
E agora, seu  desgraçado?
O que fazer com esse estrago?
Olha o estado em que me deixou!

“eu¿a culpa agora é minha?
Há há há já chega, chega!
A idéia sim foi minha
De fazer a mentirinha
Só pro povo se enganar;
Mas não conclui o plano
Por causa de um engano
Que esqueceu de me avisar.
Por que não disse Anacreonte,
Por que não me disse ontem
Que num prestava o hospital?
Que  culpa  eu tive então?
Eu não sabia que o bobalhão
Ia ficar passando mal...”

E o diabo falava e ria
E agora o que eu faria?
Tava quase no final...

O diabo disse novamente
Tenho uma  idéia bem quente:
Será que vai funcionar?

Vai pra lá com tuas asneiras
Tu só sabe fazer besteira.
num vou nem me alegrar

“Escuta aqui, Anacreonte,
Como eu te disse ontem
Sou o rei da atuação.
Eu pensei em novo plano
Nesse não tem engano
É coisa boa pro povão!
Vamos armar um circo!
O povão adora isso!
Circo para alegrar...
Circo com muita marmelada
E também com palhaçadas
Para o povo se enganar...
Desviarão o foco de tudo,
Não lembrarão nem um minuto
Do gigante estrelão.
É essa a minha idéia
E amanhã será a estréia
do circo para o povão!”

lembro de tudo, tudinho
saímos pelos caminhos
programando as atrações:
o palhaço Pinoquito,
o dançarino mosquito,
os mágicos mequetrefes.
Mas a principal de tudo
ia deixar o público mudo:
era o número das diabetes!

O diabo disse sorrindo:
“As diabetes já estão vindo
Para a apresentação;
Trajarão roupas iguais,
Elas são sensacionais,
Vão conquistar o povão!”

Mas o que é que elas fazem?
O que irão apresentar?
Qual a especialidade?
Mágica, danças, maldades?
Dá agora pra falar?

“Ah, elas são tão poderosas,
Na verdade mentirosas,
Pois puxaram para mim.
Fazem numerologia
Com os números, feitiçaria
E adoram um din din!
Adoram puxar meu saco
Riem, dançam, um cambalacho!
Tudo elas fazem por mim!”

Quer dizer que a especialidade
Dessas tal de diabinhas
É viver pra te agradar?
Coitadinhas das bichinhas...
E se acaso eu me danar
Perder o jogo, vacilar?
Pra onde irão as diabinhas?

“ora, ora, vão comigo;
Não tem nada  a ver contigo...
Comigo irão voltar...
Para o quinto dos infernos
No verão ou no inverno,
Vão ter que me acompanhar!
Pois se tu perder a tal guerra
Aqui não haverá para elas
Nem mesmo um só lugar...
O circo será desarmado,
Cada um no seu quadrado
Vamos ter que nos conformar!”

Mas acaso se eu ganhar
O circo vai continuar!
E elas serão as estrelas
As atrizes de primeira!
As melhores do lugar!

E o circo foi armado...
Tava tudo enfeitado
E o povo a esperar...
Pelas ruas da cidade
todo mundo, na verdade,
tava doido pra ir olhar.

Preparei a maquiagem,
ensaiei as traquinagem
para o povo gargalhar.
era eu o Pinoquito
o palhaço esquisito
que ia se apresentar...

“Hoje tem marmelada¿
Tem sim senhor!”
E será dada de graça
Marmelada no meio da praça
Ôba, ôba, o povo gritou!

Tinha achado a solução:
Marmelada pro povão!
Tinha achado a solução:
Marmelada pro povão!





















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